Viver é difícil.
Trabalhar todos os dias, buscar o melhor, tentar ganhar um dinheiro.
Mas, ando pensando, é ruim viver para o fim de semana, rezar pra segunda feira virar sexta. Não parece certo viver dois dias por semana.
Em São Paulo, tudo é corrido, a cidade tende ao stress, tende a incentivar um lado muito negativo nas pessoas. Eu sinto isso de várias maneiras, e de um jeito mais agressivo por ser ciclista. Descobri a covardia protegida pelas quatro rodas. Percebo a falta de cortesia, ignorância e desrespeito em vários níveis.
Mas tem valido a pena, porque também sinto a cidade de outra maneira.
De manhã, há um frescor especial, que some antes das nove, mas que está lá. Se parar para olhar, as pessoas estão andando super concentradas na rua, se preparando para o dia. As manhãs tem um som característico, mais calmo, mesmo nessa cidade frenética. O som é composto por notícias do SPTV, vozes do rádio, comentários do jogo de futebol da véspera, e por um silêncio de soninho também, de saudades de casa, já que o dia tá no começo.
Enfim, tenho tentado viver mais todos os dias. Como as crianças fazem. Como a gente fazia antes.
Bruna Kim
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